26 de ago. de 2014

Contradições...

   Era uma vez... Em um tempo distante... Em uma terra distante... Em uma dimensão paralela a esta... Uma bruxa.
   Uma bruxa anônima, desconhecida. Esta, resolveu fazer algo muito importante, essencial para a existência da humanidade. Anotou em vários locais de sua casa, pois se esquecesse... Sofreria as consequências...
   Chegado o momento desejado, ela organizou o material necessário para a realização da façanha e partiu. Quando o sino do relógio tocou, indicando o tão esperado momento, lá estava ela, entoando a canção que demonstrava exatamente, calculada minimamente, os seus atos. A canção era a seguinte:

  "Era uma vez uma bruxa...
   Em um castelo mal-assombrado...
   À meia-noite...
   Com uma faca na mão...
   Passando manteiga no pão!"

   Em seu castelo, a bruxa ria loucamente...

6 de jun. de 2014

Um pouco de mim

   Está bom. Eu confesso. Sou clichê. A maioria dos autores é. Mas eu tento utilizar os clichês a meu favor, como fazia o mestre Edgar Allan Poe.
   A maioria de meus contos de terror eu tento ser como ele. Envolver o leitor em uma narrativa fantástica. Fazê-lo sentir o medo, o drama, o terror, do personagem. Não sei se obti sucesso ou não.
   Mas agora, espero trazer uma narrativa suficientemente boa, para que sintam aquilo que meus personagens sentirão. Peço minhas solenes desculpas pelo atraso deste... Conto? Seria? Creio que não. Isto é apenas mais uma narrativa, na qual coloco o meu eu. Em uma dosagem escolhida a dedo.
   Todo autor faz isso, eu coloco tanto de mim em meus contos, minhas narrativas, que não sei mais se considero uma ficção. Pois há tanto de mim, que considero-a como se fosse a mais pura realidade, ou um universo paralelo.
   O real motivo para um autor deixar de escrever por um tempo, é ou ele ter perdido os sentimentos, ou tê-los em excesso. Por isso estou aqui. Para falar de mim. Minha mente gira em círculos. Já pensei em escrever minha vida, claro, como uma narrativa de ficção, com nomes falsos e tudo, mas, eu não sei por onde começar. Em vez disso estou aqui, escrevendo sobre a alma de um autor, a vida de um. Por simplesmente, ser uma autora...

26 de abr. de 2014

Atletas - Zumbis

   *Prólogo:

   Aula de educação física. Tema: Basquete.
   Aff. Basquete! Haja paciência. Odeio basquete! Aliás. Odeio qualquer esporte. Odeio educação física! Odeio a escola! Odeio minha vida! Odeio odiar tudo isso! Tá! Considere-me uma adolescente complicada. Minha mãe diz que é uma fase. Que vai passar. Eu não sei. Não sei se todos se sentem como eu... Minto! Nem todos se sentem como eu. Pois é impossível todos os 7 bilhões de habitantes do planeta, serem ou s sentirem da mesma forma. Confusos...
   Mas... Voltemos a aula de Educação Física...

*-*-*-*-*-*-*

   Eu estava sentada na arquibancada. Como sempre faço. Estava conversando com meu melhor amigo, Fernando, sobre uma coisa que odiamos em comum: esportes! Estávamos comentando sobre qual o pior esporte de todos. Mas ele teimava que era futebol, eu dizia que existiam bem piores.
   - Rê. Me dê um exemplo de um esporte pior que futebol então.
   - Quer um exemplo Fer? Ahm... Taí! Basquete!
   - ?
   - Quer coisa pior que ficar pulando, batendo a bola no chão. Argh! Horrível!
   - Ah. você diz isso porque é uma garota. Não tem que provar para ninguém o quanto é homem ou o quanto pode resistir a alguma coisa. Cansa!
   - E você também não sabe, nem nunca vai saber, o que é ser uma garota! Você não sabe o quanto é difícil!
   - Claro que não sei. Mas sei que o difícil mesmo é viver.
   - É. Tenho que concordar com você.
   Fiquei um pouco sem graça. Devo ter corado. Olhei para a quadra e notei que o jogo estava mais lento. Aproveitei a deixa para mudar o rumo da conversa:
   - Nossa! Parece que hoje eles estão mais lerdos que o normal...
   - Pois é. Parecem até zumbis.
   - Fernando... Olha direito pra eles... Eles estão muito parecidos com zumbis. Vou falar com o professor, deve ter algo errado...
   Nosso professor de E.F. era bem legal. Eu simplesmente não gostava da matéria. O professor era alto e forte. Várias garotas ficavam babando por ele, mas eu não. Eu apenas achava ele legal. Sinceramente, ele era o máximo.
   - Professor! Tem algo errado. Eu posso não gostar de esportes, nem jogá-los. Mas... eu sei que não é assim que se joga.
   - Zzz...
   - Professor? Tá tudo bem?
   - Zzz... Céééééérebroos...
   - Hein? Mas o que?
   - Zzz... Céééééérebroos...
   - Ai meu Deus... Fernando! Fernando!
   - Fala Rebekah! Me chamou?
   - Fer. Me ajuda. O professor tá estranho. Tá agindo como um...
   - Céééééérebroos... Céééééérebroos...
   Dissemos em uníssono:
   - Aaaaaah! Corre Fernando!
   - Aaaaaah! Corre Rebekah!
   Por fim. Corremos os dois. E os Zumbis andando... Bem... Andando não é a palavra certa para descrever. Eles estavam se arrastando em nossa direção. Corremos. Pulamos o portão da escola. Cegamos do outro lado. Andamos um pouco. Vimos uma árvore. Paramos em baixo de sua sombra e ele me disse:
   - Ufa! Conseguimos escapar!
   - Pois é. E que estranho. Por que eles viraram zumbis?
   - A pergunta não é por que, mas como. Eu simplesmente não entendo.
   - Bom. Conseguimos escapar não é?
   - É. Bom... Rebekah... Preciso te dizer uma coisa...
   - Fala Fer. Depois disso, nada mais me assusta.
   - É que... Bem... Eu...
   Ele olhou em meus olhos, depois desviou o olhar para o céu nublado.
   - Você...
   - Eu... Estou feliz que você tenha ficado a salvo.
   De repente, começou a chover. Nos levantamos.
   - Como eu imaginava. Chuva! Só para variar um pouco.
   - Ah! Quer saber?
   Ele me puxou para si e me beijou, intensamente, com a mãos em minha cintura, me puxando cada vez mais para o braço dele, quando de repente...
   - Rebekah!
   Acordei assustada. Eu estava na sala de aula. Era aula de inglês.
   - O que você está fazendo aí parada Rebekah? E por que estava dormindo? Por que ainda não juntou-se com sua dupla?
   - Zumbis!
   - Não Rebekah, o trabalho sobre zumbis é para a quinta. Agora é aula de Inglês! Acorda.
   - Fernando? Ai. Peraí. Então eu tava sonhando? Meu Deus!
   - Rebekah! Eu vou mandá-la para a diretoria por dormir na minha aula mocinha!
   - A culpa não é dela professora!
   - Não? Então de quem é a culpa Fernando?
   - É minha professora! Eu pedi pra ela me ajudar em uma lição ontem a noite. E ela acabou dormindo tarde. Por culpa minha. Me desculpe.
   - Mas... Fernando... O que?
   - Pois bem. Já tenho minha decisão.
   Dissemos eu e Fernando simultaneamente:
   - Já?
   - Sim. É melhor você ir para casa Rebekah. Não farei nada a respeito, mas você deve voltar para a sua casa. Para poder descansar.
   - Eu não posso professora! Tenho prova na terceira aula. Fiquei estudando a semana toda para essa prova! Não posso simplesmente ir embora!
   - Então descanse querida. Fernando pega a matéria para você.
   - Aham...
   Debrucei-me na carteira e descansei. Bom... nem tanto... Fiquei pensando por que eu estava sonhando com o Fernando. Será que... Bom. Vou tentar dormir. Estou cansada...
   Acabei de acordar. Quer dizer... O Fer me acordou. É aula de Ed. Física. Droga! Ele disse que quer falar comigo depois. Não sei o que. Mas tenho ideias...
   - Alunos! Hoje vamos para a quadra! O tema da aula é Basquete!
   Era o que eu temia! Só faltava essa. E tem o meu sonho... O lado bom é que vou poder descobrir o final da história. Talvez...
   - Professor! Eu estou com dor na perna, devo ter torcido quando estava vindo para a escola. Não vou poder participar da aula!
   - Como sempre. Não é Rebekah?
   - Ah professor. Você sabe que eu moro longe!
   - E você Fernando? Qual a desculpa de hoje?
   - Nenhuma professor. Só não quero participar. Além disso. Vou seguir seu conselho.
   - Entendo. Mas, mesmo assim conta falta. Sabe disso não é?
   - Sei sim professor.
   - Então tá. Boa sorte!
   Fiz aquela cara de ponto de interrogação. Era a mesma coisa que perguntar: "Boa sorte? Conselho? Desde quando você e o professor viraram amigos?". Tá. Pode me chamar de ciumenta mas, ele é meu melhor amigo poxa! Eu tenho o direito de saber!
   - Depois eu te explico Rê.
   - Fernando...
   - Diga.
   - Nada não. Depois eu falo.
   Caminhamos até uma árvore que tinha atrás da quadra. Nos sentamos lado a lado e então ele me disse:
   - Lembra da quinta série? Quando você me disse que gostava do Jonny?
   - Claro. Nossa! Faz tanto tempo...
   - Eu... Bem...
   - Você?
   - Ai. Como eu digo isso? Eu não sei se consigo dizer...
   - Fernando. Confia em mim. Pode dizer.
   - Mas... Primeiro... Diz o que você ia dizer.
   - Bom... Na sala de aula eu estava sonhando, haviam zumbis, eu e você.
   - Me conta o seu sonho.
   - Era Ed. Física. Como agora. O tema era basquete, como agora. Estávamos conversando na arquibancada sobre qual seria o pior esporte. Então todos que estavam na quadra viraram zumbis. Nós saímos correndo. Saímos da escola e sentamos em baixo de uma árvore, como agora. E...
   - E?
   Seus olhos transmitiam esperança, curiosidade e medo. Seu coração pulsava forte. Ele estava agitado, nervoso e assustado. Eu tirei coragem de não sei onde e o beijei. Ele correspondeu. Foi forte, intenso, perfeito! Segundos depois nos soltamos. Olhei em seus olhos e disse:
   - E então você me beijou. Como agora eu te beijei.
   - Bem realista seu sonho. Poderia ser uma premonição, ou talvez uma coincidência.
   - Coincidências não existem. Talvez seja uma forma de mim mostrar a verdade para mim mesma. Sabe. Eu sempre senti algo especial, diferente, em relação a você. Mas não sabia o que pensar. Então continuei sua amiga, não tinha coragem para dizer a verdade. Cara a cara.
   - Eu entendo. Experiência própria.
   Sorrimos, então me lembrei dos zumbis! Quando abri a boca para falar ele me disse:
   - Os zumbis!
   Saímos correndo para olhar na quadra, o jogo ocorria como sempre. Rápido e exaustivo. Voltamos para debaixo da árvore rindo, correndo, brincando... Felizes.
   Sentamos debaixo da árvore e ele me disse:
   - Quer namorar comigo?
   - Ainda pergunta?
   Beijei-o. Ele sorriu, olhou em meus olhos e me disse:
   - Amo você!

4 de mar. de 2014

Um belo dia para morrer...

   Estava eu, andando pela rua como sempre faço. Quando notei que as lojas estavam fechadas, isso em plena segunda feira. Olhei o relógio. Eram duas da tarde, o sol estava forte. "Deve ser alguma greve", pensei.
   Andei um pouco mais e notei que as ruas estavam vazias, não havia nem um animal, nada de passaros contando, nem moscas estressando o povo, "Estressando quem? Não tem ninguém aqui."
   "O que será que aconteceu? Será que o mundo ficou louco? Deuses! Será um pesadelo? Vou para casa! Quem sabe..."
   Ando pelas ruas, tudo está como sempre foi. A loja na esquina da Bourbon Street. A minha casa... Cadê minha casa? Onde ela estava, agora só tem um terreno baldio. Quem sabe se... Já sei o que devo fazer!
   Caminho amedrontado pela rua, logo tudo isso irá acabar, de um jeito, ou de outro.
   Me dirijo a um penhasco, uma queda de em média 51 metros. Com pedras pontiagudas cobertas por uma fina camada de água.
   É como se o penhasco me chamasse, como se as pedras estivessem me convencendo a saltar. Sinto medo... O medo que sinto é o que me torna humano, receio, mas o penhasco fala mais alto.
   Então eu pulo. Durante a queda, sinto o vento no meu rosto, lembranças vem em minha mente, imagens aleatórias, risos, lágrimas saem de meus olhos, sinto medo.
   E então, sinto as pedras chocando-se contra meu corpo, ouço a água, sinto a dor. E então...
   Tudo desaparece, a dor, as lágrimas, o que me resta é a escuridão e o medo. De repente... tudo some. Eu não ouço, não vejo, não sinto nada. Eu não existo mais. Não estou viva. Não sou nada, não sei o que sou, de repente... Tudo some... E sei, que estou morta.